A vitamina B12 é uma vitamina essencial à boa saúde do cérebro e do sangue. Ela é fundamental à formação dos glóbulos vermelhos, na função neurológica e na síntese de ADN. Como consequência da sua deficiência pode desenvolver-se anemia megaloblástica. Para além da anemia, outros problemas estão associados à falta de vitamina B12, como problemas neurológicos, com sintomas como perda de sensibilidade, dificuldade em andar, falta de concentração, de memória, atrofia ótica, depressão, demência e a característica fadiga crónica. Muitas vezes esta fadiga (o indivíduo acorda já cansado), a falta de concentração e memória, a perda de sensibilidade nos membros, são os primeiros sintomas da doença. Alguns dos problemas neurológicos podem tornar-se irreversíveis.
A carência desta vitamina também está relacionada ao aumento do risco de doenças cardíacas e problemas ósseos. Nas crianças com carência de B12 podem observar-se atrasos no crescimento, no desenvolvimento cognitivo, regressão mental, e os sintomas podem também ser irreversíveis ou persistirem por muitos anos. Existem alguns casos de depressão que melhoraram após reposição dos valores normais de vitamina B12.
A deficiência não é fácil de identificar, uma vez que os sintomas podem demorar a manifestar-se, serem bastante inespecíficos, por serem comuns a outras doenças, e a anemia pode estar mascarada pelo consumo de ácido fólico, que mantém os glóbulos vermelhos com tamanho normal, não se manifestando anemia. Isto pode acontecer em indivíduos com elevado consumo de ácido fólico, como é o caso da maioria dos vegetarianos, pelo grande consumo de vegetais e frutas.
Na maior parte das vezes quando o hemograma indica valores baixos de B12 a deficiência já se encontra numa fase avançada, pelo que deve prevenir-se a sua deficiência, doseando os valores da mesma no sangue e fazendo suplementação quando necessário.
Entre os indivíduos com maior risco de deficiência de vitamina B12 estão os idosos (10% a 30% apresentam deficiência na absorção)*, pessoas com diminuição da produção de secreções gástricas, pessoas a quem foi removido o estômago, indivíduos com problemas intestinais (ex. doença de Chron), doenças congénitas do metabolismo da vitamina e do fator intrínseco (do qual depende a absorção da vitamina), mulheres vegetarianas grávidas ou a amamentar e crianças vegetarianas, vegetarianos que não consigam assegurar fontes confiáveis de B12 e veganos. Isto sugere que para além da quantidade ingerida da vitamina, é tão ou mais significante o metabolismo da mesma, uma vez que a sua absorção depende de muitos fatores extra-alimentação. Ela necessita da produção das secreções gástricas e pancreáticas para ser absorvida no intestino delgado. Se algum destes fatores está comprometido irá influenciar a absorção da vitamina. O organismo possui um sistema de reciclagem desta vitamina, a circulação entero-hepático, que recupera uma grande parte da vitamina excretada pela bílis. No entanto, nem todos possuímos um sistema suficientemente eficiente. Por isso cerca de 95% dos casos de deficiência de vitamina B12 estão associados a incapacidade na absorção e não, como erradamente se pensa, apenas ao estilo de vida vegetariano ou vegano. É certo que os veganos e vegetarianos possuem valores sanguíneos de vitamina B12 mais baixos que os omnívoros, mas a incidência da doença é semelhante nos dois grupos, pelo que a preocupação com esta vitamina deve ser generalizada a toda a população.
Convém não esquecer que a vitamina B12 só pode ser obtida através do consumo de animais e seus derivados (ovos, leite, queijos), alimentos fortificados e suplementos. Muito se tem especulado sobre se alimentos como algas, alimentos fermentados ou soja, possuem vitamina B12, mas todas as formas encontradas nestes alimentos são análogas da vitamina, e portanto inativas para o ser humano, logo inúteis, podendo até ser prejudiciais por competirem com a forma ativa na absorção.
Segundo o Dr. Eric Slywitch na sua tese de mestrado, “Avaliação do estado metabólico e nutricional de indivíduos vegetarianos e omnívoros” (2010), os valores de referência para a B12 no hemograma podem subestimar a deficiência da vitamina. Ele refere que os valores estabelecidos com limites entre 200 e 900 pg/ml incluem uma faixa muito ampla e assegura que os valores devem estar acima de 490 pg/ml para serem considerados valores seguros. Todos os valores abaixo deste poderão ser considerados deficiência. Outros exames laboratoriais, como a homocisteína, podem ser realizados para confirmar os resultados. Assim, se for um dos indivíduos do grupo de risco, convém fazer uma análise ao sangue para verificar o estado da B12 e verificar se existe deficiência, e em caso afirmativo deve fazer suplementação. Para um melhor diagnóstico e interpretação dos resultados, convém procurar aconselhamento médico ou de um dietista/ nutricionista. Se é vegano ou vegetariano e não consegue garantir fontes diárias seguras, nas quantidades e frequência devidas de vitamina B12, deve fazer suplementação, e neste caso pode fazer doses diárias de entre 10 µg a 100 µg ou 2000 µg semanais, como forma de prevenir a deficiência. O Food and Nutrition Board recomenda que os indivíduos acima dos 50 anos façam suplementação da B12 ou aumentem o consumo de alimentos fortificados.
Referências:
- *Institute of Medicine of the National Academies; Food and Nutrition Board – Panel on Folate, other B Vitamins and Choline. Released 12 June 2000
- Mangels, Reed; messina, Virginia; Messina, Mark. The Dietitian´s Guide to Vegetarian Diets – Issus anda Applications. Third edition. Jones &Bartlett Learning 2011.
- Dr. Eric Slywitch, Tudo Sobre a B12 - http://www.alimentacaosemcarne.com.br
Inserido em: 2013-06-14 Última actualização: 2013-07-19
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Autores > Cláudia Maranhoto
Nutrientes Essenciais